A região russa de Kursk foi invadida em 2024 durante uma contraofensiva inesperada. Nos últimos dias, os ataques de Moscou aumentaram, e agora, sem o suporte dos Estados Unidos, as forças de Kiev podem se ver forçadas a uma retirada. De acordo com reportagens recentes, dezenas de soldados ucranianos, que invadiram Kursk em agosto de 2024 e desde então têm resistido, encontram-se quase cercados pelas tropas russas, conforme informações do serviço de monitoramento de conflito DeepStateMap.
Os ataques da Rússia em Kursk, localizada a poucos quilômetros da fronteira ucraniana, teriam se intensificado nos últimos três dias, especialmente após a suspensão do apoio americano a Kiev por parte do presidente Donald Trump. Reportagens indicam que as forças russas teriam quase dividido as linhas de defesa ucranianas em duas partes, isolando o grupo principal de suas linhas de suprimento mais essenciais. A conexão que ainda liga as tropas ucranianas seria uma estreita faixa de terra de apenas 500 metros. Aproximadamente três quartos dos militares ucranianos na Rússia estariam quase completamente cercados.
Essa ofensiva das tropas russas pode levar os comandantes ucranianos a precisar decidir entre manter a defesa do território – o que pode resultar na perda de alguns dos seus combatentes mais experientes e capacitados – ou optar pela retirada. A perda de Kursk significaria uma grande desvantagem para a Ucrânia nas negociações com a Rússia em busca de um cessar-fogo. Trump tem pressionado Kiev a aceitar um acordo de paz em condições desfavoráveis, sem garantir segurança contra uma nova agressão por parte da Rússia.
“O cenário [da Ucrânia em Kursk] é bastante complicado”, afirmou um analista militar da Black Bird Group, referindo-se à grave situação das forças ucranianas. “Estamos perto de um ponto em que elas podem ser cercadas ou forçadas a se retirar.” Ele salientou que até mesmo a retirada será um desafio, pois os soldados terão que evitar drones e artilharia russos.
Até o momento, não houve confirmação oficial sobre a situação em Kursk de nenhum dos lados, que geralmente divulgam informações sobre mudanças no campo de batalha com certo atraso. Enquanto isso, as tropas do presidente Volodimir Zelenski enfrentam uma pressão intensa da Rússia e continuam a perder território.
A invasão da Ucrânia em Kursk ocorreu em agosto de 2024, quando o país assumiu o controle de um importante gasoduto e se tornou o primeiro a ocupar terras russas desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo Zelenski, o objetivo da incursão era desviar a atenção das tropas russas e aliviar a pressão que os soldados ucranianos enfrentavam no leste da Ucrânia, além de proporcionar à Ucrânia um trunfo nas negociações de paz com Moscou.
A ocupação de Kursk gerou embaraço ao Kremlin, levantando questões sobre a habilidade da Rússia de proteger seu próprio território. O presidente Vladimir Putin repetidamente assegurou que retomar o controle da região é uma prioridade e tem desestimulado a ideia ucraniana de utilizá-la como uma moeda de troca em qualquer negociação futura.