O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizou um extenso discurso em Washington D.C. na terça-feira (4/3), horário local, onde fez um apanhado das ações implementadas desde sua retomada à Casa Branca, em 20 de janeiro. O líder republicano abordou diversas questões, como imigração ilegal, cortes orçamentários, reforma tributária, tarifas para parceiros comerciais, restrições relacionadas às liberdades sexuais e a situação na Ucrânia, entre outros temas. Trump também anunciou iniciativas que pretende implementar nas próximas semanas, desafiando os democratas ao sugerir que sua oposição ao seu governo é um obstáculo ao progresso do país.
Para começar seu discurso, Trump destacou sua vitória tanto no voto popular quanto no colégio eleitoral, mencionando que, no dia de sua posse, assinou mais de cem decretos. O primeiro tópico que abordou foi a imigração ilegal, ressaltando que declarou emergência na fronteira sul para “encerrar a invasão de nosso país”.
O presidente republicano enfatizou questões internas e responsabilizou o ex-presidente democrata Joe Biden pelos problemas econômicos e pela falta de controle sobre a imigração ilegal. Trump dedicou uma parte considerável de sua fala para afirmar que pretende melhorar a qualidade de vida dos americanos por meio de ações voltadas para a economia, pedindo paciência ao povo.
Durante o discurso, Trump recebeu vaias da oposição e aplausos dos republicanos. Os democratas se manifestaram com placas que questionavam a veracidade de algumas de suas afirmações, mostrando o texto “falso”.
“Diariamente, em minha administração, vamos trabalhar para transformar as necessidades da América e proporcionar o futuro que o país merece”, declarou.
Sobre a política internacional, Trump recordou sua decisão de retirar os Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde, que considerou como “corrupta”, além de também sair do Conselho de Direitos Humanos da ONU. A respeito do Acordo de Paris, ele criticou-o, chamando-o de “golpe verde ridículo”.
“Revogamos todas as restrições ambientais impostas por Joe Biden, que tornaram nosso país menos seguro e inviável, e encerramos o mandato absurdo de carros elétricos que causou muitos prejuízos e a destruição de inúmeras empresas”, afirmou.
O nome de Joe Biden foi mencionado em várias ocasiões, com Trump atribuindo a ele uma série de problemas enfrentados pelos Estados Unidos, como a inflação, a censura e a perseguição política.
“Deixamos de usar o governo como uma arma, diferentemente do presidente anterior, que permitiu que a Justiça fosse utilizada contra opositores políticos, como eu”, comentou Trump, que foi acusado de 34 crimes distintos.
Quanto às futuras medidas que planeja implementar, Trump afirmou que assinará decretos e espera contar com a colaboração do Congresso para que se tornem leis. Ele mencionou que essas ações seriam benéficas para os americanos, desafiando os democratas ao afirmar que eles se oporiam a essas propostas.
Em relação à política externa, Trump reafirmou sua visão expansionista ao mencionar um decreto que altera o nome do “Golfo do México” para “Golfo da América”.
No que diz respeito à política econômica internacional, Trump reforçou seu discurso de que os Estados Unidos têm sido explorados por outros países. “Fomos saqueados por décadas e não permitiremos que isso ocorra novamente”, disparou.
A partir daquela terça-feira, foram implementadas tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá e do México. Trump também assinou um decreto que dobrou a tarifa sobre produtos chineses, passando de 10% para 20%. Uma tarifa de 25% que impacta diretamente o Brasil se refere ao aço e ao alumínio, itens que os Estados Unidos compram do país.
O Canal do Panamá foi mencionado entre os alvos de Trump. Ele afirmou que o canal é “nosso e queremos de volta”. Em relação à Groenlândia, o republicano declarou que seus habitantes “são bem-vindos nos Estados Unidos” e expressou a intenção de trabalhar com todos pela segurança internacional, afirmando que acredita que isso será possível.
Sobre a situação na Ucrânia, Trump disse ter recebido uma carta do presidente Volodimir Zelensky, na qual este reconheceu o apoio dos EUA e manifestou disposição para negociar uma paz duradoura, que incluiria um acordo sobre a mineração de terras raras.
“Simultaneamente, tivemos discussões com a Rússia, e recebi sinais claros de que eles estão prontos para a paz. Não seria maravilhoso?”, indagou, recebendo aplausos do público.
Em relação à economia, Trump prometeu melhorar a vida dos americanos através de investimentos que serão feitos por empresários, com a criação de empregos, a cobrança de pagamentos pelo Gold Card, a redução de impostos e o corte de despesas públicas.
Os cortes tributários foram prometidos em um decreto que deverá ser assinado em 2 de abril. “Não creio que as pessoas se oporão a isso”, disse ele de forma irônica, insinuando que os democratas seriam contrários a medidas essenciais para a economia. Mesmo almejando para que a “América seja grande novamente”, Trump alertou que os americanos podem enfrentar dificuldades até que isso se concretize.
“Tarifas farão os Estados Unidos ricos novamente. Pode haver um período difícil, mas acabará dando certo”, garantiu.
O tema da ideologia de gênero também foi abordado em sua fala. Trump mencionou ter assinado um decreto para cortar os recursos federais destinados a escolas públicas que ensinassem sobre “ideologia de gênero”, além do fim de programas de diversidade e inclusão no serviço público. “Você é exatamente como Deus fez você”, enviou como mensagem aos alunos.