A Tesla, fabricante de veículos elétricos liderada por Elon Musk, expressou suas preocupações em relação à política de tarifas de importação implementada pelo governo de Donald Trump. A manifestação foi feita por meio de uma carta encaminhada a uma agência federal responsável pelo comércio exterior nos Estados Unidos.
Na comunicação, a empresa alerta que tanto ela quanto outros grandes exportadores podem ser impactados negativamente por medidas de retaliação, o que resultaria em um incremento nos custos de produção dos automóveis no território americano.
A correspondência foi direcionada a Jamieson Greer, que ocupa o cargo de chefe do escritório do representante de comércio dos EUA, uma agência incumbida de formular e fomentar as políticas comerciais do país.
No conteúdo do documento, a Tesla, que possui fábricas também na China e na Alemanha, afirma compreender e apoiar a “importância do comércio justo”, mas ressalta que “os exportadores norte-americanos estão sujeitos a consequências desproporcionais quando outros países respondem às iniciativas comerciais dos EUA”.
A montadora informa que está implementando alterações em suas cadeias de suprimentos com o intuito de localizar o maior número possível de fornecedores locais para seus veículos e baterias, embora tenha alertado que “determinadas cadeias de suprimentos ainda estão em fases iniciais de desenvolvimento”.
A empresa ainda levanta preocupação sobre um possível impacto nas suas vendas fora dos Estados Unidos. “Como exemplo, no passado, ações dos Estados Unidos geraram respostas imediatas dos países afetados, inclusive o aumento das tarifas sobre veículos elétricos importados”, destaca.
Esse comunicado foi divulgado após uma série de decisões comerciais que suscitaram críticas do mercado, que se preocupa com uma possível guerra comercial e suas repercussões inflacionárias.
Em março, Trump havia adotado tarifas de 25% sobre importações provenientes do México e do Canadá, justificando essa medida como um esforço para combater o tráfico de fentanil. Tal ação rompeu o acordo comercial trilateral, afetando as cadeias de suprimentos.
Após a província canadense de Ontário ter respondido com uma sobretaxa de 25% sobre a eletricidade destinada aos EUA, Trump aumentou as tarifas sobre produtos de aço e alumínio provenientes do Canadá para 50%. Contudo, iniciativas de ambos os lados foram temporariamente suspensas na semana passada.
Embora a carta não tenha sido assinada, sua emissão gerou surpresa, especialmente considerando que parte da direção da Tesla é formada por um aliado próximo de Trump, que atuou como consultor para os cortes de gastos do governo. Não está claro se Elon Musk estava ciente do conteúdo da comunicação.
Além disso, a carta foi datada no mesmo dia em que Trump organizou um evento na Casa Branca, durante o qual manifestou sua intenção de comprar um Tesla, como um gesto de apoio ao líder da montadora.