Observações feitas pelo Telescópio James Webb indicam que as galáxias no nosso universo conhecido parecem girar em uma direção preferencial, gozando de uma dinâmica que sugere que elas estão sendo impulsionadas por uma força a rotacionar no sentido horário.
Essa descoberta, para os pesquisadores envolvidos, poderia abrir caminho para teorias cosmológicas fascinantes sobre a origem do espaço que conhecemos, incluindo a hipótese de que toda a realidade existente poderia estar inserida dentro de um buraco negro.
Os movimentos dessas galáxias, que corroboram essa teoria, foram documentados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society no dia 17 de fevereiro. O estudo, conduzido por um especialista em computação da Universidade do Kansas, Lior Shamir, analisou os padrões de rotação de 236 galáxias.
Conforme os dados coletados, foi constatado que cerca de 66% das galáxias observadas giram no sentido horário, enquanto apenas uma fração menor se movimenta no sentido anti-horário, igual à Via Láctea. Essa assimetria suscita questionamentos sobre a noção de que, em um cosmos aleatório, a distribuição de movimentos seria equilibrada, sugerindo que deve haver uma explicação para essa preferência de giro.
“Embora ainda não compreendamos completamente o motivo desse fenômeno, existem duas possíveis explicações principais. Uma delas é a hipótese de que o universo se originou girando. Essa ideia é consistente com teorias como a da cosmologia do buraco negro, que sugere que o universo inteiro está contido em um buraco negro”, afirma Shamir.
A teoria postula que o universo que podemos observar é na verdade o interior de um buraco negro, que seria parte de um cosmos ainda maior. Essa noção teria o potencial de transformar a nossa compreensão da física, implicando que cada buraco negro poderia ser o berço de um “universo bebê”.
Os buracos negros se formam quando estrelas massivas colapsam, concentrando matéria e adquirindo uma imensa gravidade ao acumular energia. De acordo com a teoria, após uma compactação severa de massa, os processos podem se inverter, levando à expansão da massa ao invés da compressão, um fenômeno que poderia gerar uma expansão análoga ao Big Bang.
Além disso, essa teoria sugere que buracos negros funcionariam como portais para outros universos, interligados por “buracos de minhoca”, possibilitando viagens além dos limites da física conhecida.
Entretanto, existe outra explicação mais clássica para a assimetria de movimento identificada pelo telescópio. Dado que a rotação da Via Láctea é anti-horária, a movimentação de galáxias em direções diferentes pode ser evidenciada pelo efeito Doppler da luz. Assim, a interpretação seria de que não existem menos galáxias girando na mesma direção que a nossa, mas sim que a observação dessa dinâmica é feita de maneira menos eficaz.
No entanto, os cientistas já tinham considerado que a velocidade de rotação de nossa galáxia era muito baixa para ter um impacto nas observações. “Se realmente estivermos diante dessa situação, teremos que recalibrar nossa forma de medir distâncias no universo profundo”, explica Shamir.
“A nova abordagem sobre medições de distância pode também oferecer respostas para uma série de questões não resolvidas na cosmologia, como as divergências nas taxas de expansão do universo e as grandes galáxias que, segundo as medições atuais, deveriam ser mais velhas que o universo como um todo”, acrescenta.
A descoberta ainda levanta incertezas sobre a idade de galáxias massivas, que parecem apresentar idades superiores à do próprio universo. “Essa recalibração pode ajudar a resolver essas anomalias”, conclui o pesquisador.