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Oscar: O Hooliganismo Digital em Fúria!

por James Joshua

Brasileiros, quando lidam com a frustração, às vezes agem como torcedores de futebol enfurecidos. Ao invés de aceitar a derrota, acabam atacando em grupo aqueles que consideram responsáveis pela “perda de nosso prêmio”. No entanto, é possível sermos melhores do que isso – ou já não somos? “Péssima escolha”, “Roubo é crime e não se deve divulgar!”, “O Brasil nunca esquecerá”. Esse tipo de comentário foi visto em massa em uma publicação da Academia do Oscar no Instagram, que mostrava uma imagem da atriz Emma Stone ao lado da vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 2025, Mikey Madison. As críticas refletem a insatisfação dos fãs com o fato de Fernanda Torres, uma verdadeira ídola nacional, não ter conquistado o prêmio ao qual concorria.

Todos estávamos na torcida por Fernanda Torres no Oscar. A derrota é parte do jogo, e a vitória do filme “Ainda Estou Aqui” como Melhor Filme Estrangeiro deveria ter trazido um pouco de alegria. Entretanto, para muitos, isso não foi suficiente. A frustração se transformou em um “esporte” em que o Brasil se destaca, um verdadeiro fenômeno nacional: as críticas e ataques online em grupo. Uma semana após a cerimônia, esses comentários ainda continuam a surgir.

O comportamento dos internados, assemelhando-se a hooligans virtuais, poderá ter gerado um fato curioso: no dia do Oscar, a Academia aparentemente publicou uma foto de Mikey Madison como melhor atriz que estava voltada apenas para o público dos Estados Unidos. Comparações entre os feeds de ambos os países mostraram essa disparidade, o que foi amplamente noticiado pela mídia brasileira. A Academia não se manifestou sobre as acusações de que temeria os ataques dos brasileiros.

Caso essa hipótese seja verdadeira, é preciso considerar que os organizadores do Oscar têm suas razões. As postagens com a nova ganhadora, assim como outras na conta da Academia, estavam repletas de comentários hostis e ataques. “Você nunca mereceu o Oscar, devolva!” e “Seu vestido é da Shein” foram algumas das mensagens. Para muitos, a vitória de Madison exemplifica um problema de etarismo, já que ela, com apenas 25 anos, superou veteranas como Demi Moore, de 62 anos, e Fernanda Torres, de 59.

Essa é uma discussão que merece atenção e faz sentido. Não estou aqui para afirmar que a Academia do Oscar está livre de machismo ou de favorecer produções norte-americanas. Isso é inegável. No entanto, agredir a atriz que recebeu o prêmio não é justificável. Atacar outra mulher não é uma resposta construtiva a problemas de etarismo ou qualquer tipo de preconceito.

Inclusive, Fernanda Torres, uma mulher de sabedoria e maturidade, convocou os brasileiros a enviarem amor à Mikey, que, segundo ela, é uma pessoa “muito legal”. Sua atitude é importante, pois esses ataques frequentemente começam com comentários leves e podem rapidamente escalar para preconceitos, xingamentos e até ameaças. Precisamos mesmo disso?

Essa não é uma situação nova para os brasileiros, e certamente não será a última: nas redes sociais, quando enfrentamos perdas ou descontentamentos, tendemos a agir de forma explosiva e coletiva. O comportamento dos brasileiros online tem sido caracterizado por alguns como um “comportamento de colmeia” ou o de gafanhotos.

Talvez isso seja um exagero, mas uma coisa é certa: essas agressões geralmente não são racionais. As explosões online que acontecem com a frustração dos brasileiros se assemelham a reações de torcedores de futebol violentos, porém no ambiente virtual. A dificuldade em aceitar a derrota nos leva a atacar aqueles que, percebemos, “roubaram nosso prêmio”. Poderíamos ser melhores do que isso.

Evidentemente, a participação dos brasileiros nas redes sociais traz muitos aspectos positivos. Somos reconhecidos internacionalmente e admirados por nossa capacidade de gerar discussões e engajamento online. Esse tipo de interação contribuiu para que o filme “Ainda Estou Aqui” e a atriz Fernanda Torres ganhassem notoriedade global, gerando orgulho em nossos talentos.

É possível que essas reações fervorosas sejam resultado da nossa personalidade vibrante e engajada, ou talvez sejam apenas uma consequência do Brasil ser um dos países que mais utiliza redes sociais. Cada brasileiro gasta, em média, 5 horas e 28 minutos em seus celulares, sendo que apenas as Filipinas têm um tempo médio mais alto. O Brasil está também entre os líderes mundiais no uso de redes sociais, ocupando o terceiro lugar em consumo, atrás apenas da Indonésia e da Índia.

É bem sabido que o uso excessivo da internet pode impactar a saúde mental. Porém, esse fator também tem suas vantagens. No cenário dos negócios, o Brasil se destaca no universo digital, criando memes e promovendo boas risadas online. No entanto, é fundamental que aprendamos a perder e a lidar com a frustração sem partir para ataques. O objetivo não deve ser “semear o medo” nas pessoas. Acredito que podemos avançar nesse aspecto.

Fonte: Noticia Internacional

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