Ouvi em um programa de televisão que mulheres com pensamentos progressistas não se sentem confortáveis ao serem chamadas de belas. Elas preferem ser reconhecidas como competentes e inteligentes, mas o termo “bonitas” é considerado inadequado politicamente.
O ex-presidente Bolsonaro se referiu às mulheres do partido dos trabalhadores como feias e “incomíveis”, mas sua declaração não gerou tanta repercussão quanto a fala de Lula sobre a beleza da deputada Gleisi Hoffmann (PT).
Durante um evento muito frequentado no Palácio do Planalto, Gleisi, que até então era a presidente do PT, assumiu a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência.
Recentemente, ao lançar o programa “Crédito do Trabalhador”, Lula, dirigindo-se aos líderes da Câmara e do Senado presentes, comentou: “É importante trazer aqui o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Quero estabelecer relações com vocês. Por isso, escolhi essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, porque não quero mais ter distância de vocês”.
O que Lula realmente quis dizer? Será que ele insinuou que Gleisi foi nomeada devido à sua beleza? Ou acredita que, por ser bonita, ela poderá facilitar a aproximação entre ele e os presidentes do Congresso?
Na edição de hoje da Folha de São Paulo, a manchete traz: “Pus mulher bonita de ministra para atrair Congresso, diz Lula”.
O Globo também destacou: “Fala machista – Lula diz que escalou mulher bonita para aproximar Congresso”.
Na edição online do Estadão, a manchete é: “Lula diz que colocou ‘mulher bonita’ na articulação para ter boa relação com Motta e Alcolumbre”.
O deputado Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, fez uma brincadeira em uma nota intitulada “Lula e a misoginia de sempre”, ironizando o comentário de Lula: “É bom saber que, em pleno 2025, o presidente Lula acredita que a estratégia mais eficaz para se relacionar com o Congresso é nomear uma ‘mulher bonita’ para a articulação política. Afinal, quem realmente precisa de competência, experiência e habilidade quando se pode contar com atributos estéticos?”.
Lula poderia ter guardado o elogio à beleza de Gleisi para outro momento, evitando interpretações que possam prejudicar sua imagem. No entanto, chamar Lula de machista e misógino parece um exagero.
Um machista é alguém que pensa que os homens são superiores às mulheres e apoia a desigualdade de direitos entre os gêneros. Lula nunca defendeu tal desigualdade.
Por outro lado, o termo misógino se refere a quem nutre aversão ou ódio às mulheres. Lula nunca demonstrou aversão a elas; pelo contrário, ele frequentemente valoriza as mulheres em suas falas.
A resistência a Lula é intensa entre aqueles que não aceitam sua terceira presidência – um homem que emergiu da pobreza no Nordeste e alcançou o que é hoje.
Nas eleições de 2022, as mulheres representaram 52,65% do eleitorado, enquanto os homens foram 47,33%. A vitória de Lula deve-se a mulheres, aos pobres, aos nordestinos e à população com menor escolaridade.
Ignorar isso pode custar caro para sua reeleição.