O colaborador Gilmar de Jesus Santos, que firmou um acordo de delação com as autoridades, revelou como foi articulado o plano do simulado ataque contra o então prefeito de Taboão da Serra, José Aprígio, do Podemos. As informações foram divulgadas pelo programa Fantástico, da TV Globo.
O incidente ocorreu uma semana antes do segundo turno das eleições e resultou em seis disparos de fuzil contra o veículo do prefeito, sendo que um dos tiros conseguiu penetrar a blindagem do vidro e ferir o ombro de Aprígio. Após o ataque, os criminosos fugiram e incineraram o carro para eliminar evidências do crime.
Três dias depois do ataque, Santos foi detido e confessou que tudo não passou de um plano previamente combinado. Ele estava ao volante do carro junto com Odair Junior de Santana e ambos dispararam contra o automóvel do prefeito. Segundo Santos, a intenção era não ferir o político.
“Eu sugeri atirar no capô ou na frente do carro para não atingir ninguém. Ele respondeu que atirar na frente não era boa ideia, só na lateral. O plano era que ele estivesse parado para eu poder mirar na lateral. A intenção era assustar, mas de modo que recebesse atenção da mídia e pudesse ser exibido no Fantástico, justamente antes do segundo turno”, disse.
Conforme as investigações, os responsáveis pela articulação do ataque falso eram Anderson da Silva Moura, conhecido como Gordão, e Clovis Reis de Oliveira. Eles deveriam receber informações de um funcionário muito próximo ao prefeito, que se apresentava como secretário de obras.
Atualmente, a polícia está tentando identificar o homem que se dizia secretário de obras. Segundo relatos, o prefeito estava ciente do plano e aprovava todas as etapas. O atirador detido também revelou que recebeu instruções para usar um fuzil no simulado ataque.
“Fizeram insistências para que tudo ocorresse como desejado, para dar a aparência de um fato autêntico. Eu avisei que o fuzil poderia furar a blindagem. Se fosse algo apenas para chamar atenção, seria arriscado ferir alguém dentro do carro. Eu não estava disposto a fazer isso. Ele disse que eu aguardasse, que iria investigar melhor”, relatou o homem, que estava prestes a receber R$ 100 mil como pagamento.
Com base na delação, a polícia deteve Anderson, o Gordão, mas não conseguiu encontrar Clovis Reis de Oliveira. Além de Gilmar, outras duas pessoas foram denunciadas por tentativa de homicídio e associação criminosa: Odair Junior de Santana e Jefferson Ferreira de Sousa, que ajudou na fuga. Ambos estão foragidos.
A defesa de Anderson da Silva Moura afirmou que “o investigado nunca teve contato com o delator, os ex-secretários, o ex-prefeito ou qualquer outro indivíduo envolvido neste processo”.
“Não é plausível pensar que uma pessoa de 73 anos estaria disposta a receber um tiro de fuzil acreditando que isso poderia mudar o resultado de uma eleição. Estou convencido de que, ao final, será provado não apenas para ele, mas também para seus familiares e toda a sociedade, que ele é a vítima nessa situação”, declarou o advogado de Aprígio.
O Ministério Público ressaltou que, além do ex-prefeito, outras 15 pessoas estão sendo investigadas por estarem envolvidas no falso atentado, incluindo três ex-secretários.
