O estudante Igor Melo de Carvalho, de 31 anos, permanece em recuperação no Hospital Estadual Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, após ter sido baleado por um ex-policia militar, em decorrência de uma acusação de roubo feita por sua esposa. Sua prima, Pamela Carvalho, utilizou suas redes sociais nesta quinta-feira (27) para compartilhar um áudio onde Igor expressa sua indignação sobre a situação que enfrenta.
A postagem inclui uma imagem de Igor em uma cama hospitalar e um áudio em que o estudante desabafa sobre sua frustração. “Infelizmente, ser negro aqui no Brasil parece que nos faz nascer com uma marca que nos condena ao sofrimento. Mas eu vou superar tudo isso”, afirma.
No áudio, gravado para sua família, Igor também manifesta sua gratidão pelo apoio que tem recebido, assegurando que está bem. Ele ainda promete realizar um churrasco no Morro do Juramento para comemorar sua recuperação.
Pamela também comentou sobre a visita que fez a seu primo, informando que, embora debilitado, ele está se recuperando de maneira positiva. “Já tínhamos a certeza, mas agora está comprovado: MEU PRIMO IGOR É UM GUERREIRO”, escreveu a prima.
### Mensagem completa de Igor
“Oi, família, como vocês estão? Eu estou bem, graças a Deus, e vou conseguir me recuperar. Queria apenas agradecer a todos vocês pelo que fizeram por mim, de coração. Quero agradecer a cada um, sem exceção.
Vocês sabem que não sou culpado de nada, mas, infelizmente, ser negro aqui no Brasil parece que nos obriga a carregar uma marca de sofrimento. Porém, eu vou superar isso tudo, e assim que me recuperar, vamos fazer um belo churrasco no Juramento. Amo vocês.”
### Texto da prima do estudante
“Eu nasci em janeiro de 1993, e Igor nasceu em abril do mesmo ano. Brincamos que algo nas estrelas aconteceu, pois embora sejamos primos, poderíamos ser irmãos, dado o quanto temos em comum: o desejo de sermos comunicadores, a indignação pelas injustiças do mundo, o dentinho separado (que eu corrigi com aparelho e me arrependo), a nossa paixão por crianças, o fato de trabalharmos demais e as ‘surpresas’ que frequentemente trazemos para a família, entre tantas outras coisas.
Primo, o sangue que corre em você é o mesmo que corre em mim. E não permitiremos que ninguém derrame nosso sangue sem consequências.
Hoje, consigo acordar um pouco mais aliviada, pois vi meu primo. O beijei, o toquei; ele está aqui! Vivo! Embora ainda debilitado, consegue conversar e sentar na cama do hospital… Já sabíamos, mas agora está comprovado: MEU PRIMO IGOR É UM GUERREIRO.
Desde o hospital, ele continua lutando pela vida, enquanto aqui fora seguimos batalhando por justiça. Não vamos desistir.”
