Mato Grosso – O cantor sertanejo Leonardo está envolvido em processos judiciais que foram iniciados por compradores de lotes em projetos imobiliários situados em Querência, uma cidade localizada a aproximadamente 765 km de Cuiabá. Os reclamantes alegam que um dos empreendimentos, que foi lançado há mais de três anos, encontra-se paralisado, apresenta irregularidades e está passando por um processo de reintegração de posse. O artista, no entanto, afirma não ter nenhum vínculo acionário com esses negócios.
Nos anos de 2021 e 2022, Leonardo fez visitas à cidade para promover os empreendimentos em parceria com a empresa AGX Smart Life, que pertence ao empresário Aguinaldo José Anacleto, também mencionado nas ações. Desde essa época, o cantor passou a ser reconhecido como um dos responsáveis pelos empreendimentos e esteve presente em diversas campanhas publicitárias, que incluíram vídeos, outdoors e materiais promocionais. A presença do artista foi fundamental para que muitos compradores depositassem confiança na solidez do projeto.
O projeto em questão, denominado Munique Smart Life, foi idealizado para ser desenvolvido em três fases (Munique I, II e III), totalizando aproximadamente 800 lotes. Entretanto, as obras estão sem andamento e não há previsão de retomada, mesmo com a venda de várias unidades, incluindo lotes já quitados. Sentindo-se lesados, os compradores buscam, por meio da Justiça, rescindir os contratos, ter a devolução dos valores que pagaram e obter reparações por danos morais.
Vídeos promocionais gravados por Leonardo em 2022 continuam a ser compartilhados nas redes sociais da AGX, reforçando a associação entre o cantor e os empreendimentos. Em um desses vídeos, ele convida o público a investir:
“Alô, galera maravilhosa de Querência, meu querido Mato Grosso. Quer fazer um bom negócio e investir bem o seu dinheiro? AGX e Leonardo! Estamos aqui em Querência com várias oportunidades. Venha conhecer, meu amigo, venha! Faça um bom negócio. Você não vai se arrepender. Estou te esperando aqui.”
Fontes relataram que existem cinco processos judiciais que foram movidos contra a empresa e o cantor. Um deles foi protocolado pela Associação Residenciais Munique, que representa cerca de 100 compradores que alegam ter sido prejudicados. O valor da causa é estimado em R$ 2,8 milhões.
Os documentos judiciais indicam que os loteamentos Munique I, II e III não estão registrados no Cartório de Imóveis de Querência e que não possuem a autorização da prefeitura para a comercialização. Além disso, a ausência de licenças ambientais e de projetos básicos impede a regularização dos terrenos. Os compradores afirmam que cerca de R$ 48,1 milhões foram movimentados na venda dos lotes.
Diante das acusações, a AGX tem se mostrado relutante em responder às dúvidas dos clientes, e Aguinaldo Anacleto, o responsável pela empresa, não tem sido localizado. Ademais, estandes da AGX e da Talismã, marca relacionada a Leonardo, que atuavam no centro da cidade, foram fechados.
A auxiliar administrativa Taís Vanessa Rodrigues Guimarães, de 26 anos, que comprou um dos terrenos, expressou sua preocupação com a situação:
“O Leonardo foi a principal razão pela qual decidimos confiar, assim como o prefeito da cidade. Quem diria que estaríamos enfrentando um problema tão sério como este? A publicidade foi intensa, e acreditávamos que estávamos realizando uma compra segura.”
Os processos ressaltam que a influência de Leonardo, como personalidade reconhecida, e sua atuação em campanhas promocionais incentivaram muitas pessoas a investirem nos projetos.
Quando questionado, o cantor, por meio de sua assessoria, informou que sua equipe jurídica já está ciente do caso e tomando as providências necessárias. Ele destacou que sua participação foi meramente como garoto-propaganda da AGX, assim como faz com diversas outras marcas e produtos, e negou qualquer envolvimento acionário no empreendimento.
