Home Brasil Emergência Verde: Embrapa Revela Protetor Solar Revolucionário para Salvar Plantas e Frutas!

Emergência Verde: Embrapa Revela Protetor Solar Revolucionário para Salvar Plantas e Frutas!

por James Joshua

Brasília – A Embrapa, em colaboração com a Litho Plant, uma indústria de biofertilizantes, criou o Sombryt BR, um protetor solar voltado para plantas. Este produto visa reduzir a queima de folhas e frutos, além de aumentar a resistência e a adaptação das culturas em relação às mudanças climáticas. Após testes realizados em culturas como abacaxi, banana, citros, mamão, manga e maracujá, a eficácia do Sombryt BR na diminuição de danos físicos e no aumento da produtividade foi significativamente comprovada.

Com o lançamento comercial próximo, o Sombryt BR é classificado como um fertilizante mineral simples à base de carbonato de cálcio. O produto foi desenvolvido para aplicação direta nas folhas e frutos, sendo compatível tanto com sistemas de cultivo orgânico quanto convencionais. Em experimentos realizados em diversas regiões do Brasil, foram observadas reduções de até 20% nos danos físicos aos frutos. Por exemplo, em cultivos de citros, houve um aumento médio de 12% na produtividade das laranjeiras Pera, em diversas condições de irrigação, conforme publicado em um artigo na Revista Brasileira de Fruticultura.

Segundo um pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, o Sombryt BR aprimora o balanço energético das plantas, tornando-as mais eficientes no uso de água e favorecendo as trocas gasosas, resultando em maior resiliência e produtividade.

Doutorado

A pesquisa com citros na localidade de Rio Real serviu como base para a defesa da tese de doutorado de um engenheiro-agrônomo na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Durante três colheitas, foram combinados o uso do protetor solar e três métodos de manejo da água: irrigação total, irrigação com déficit moderado e ausência de irrigação. O pesquisador, que conduziu os experimentos em 175 plantas em uma propriedade particular, relatou que o pico de floração ocorre em setembro, um período de aumento de temperatura e diminuição das chuvas, o que resulta em abortos de frutos e queda na produção. Com o teste do protetor solar, os resultados foram positivos, especialmente em condições de sequeiro, com um aumento de até 17% na produtividade, além de melhorias nos indicadores fisiológicos da planta e na qualidade dos frutos.

Um engenheiro-agrônomo da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe compartilhou que há expectativas de uso do produto com citrus em áreas como os Tabuleiros Costeiros. “Notamos um aumento na massa dos frutos no cultivo sem irrigação, algo que é bastante vantajoso para os citricultores da região”, complementou ele.

Resiliência da planta e diminuição de danos físicos nos frutos

O pesquisador ressaltou que a aplicação do protetor solar possui dois objetivos principais. O primeiro é melhorar a resiliência das plantas, mitigando os efeitos prejudiciais dos estresses abióticos nos processos bioquímicos. Isso melhora as trocas gasosas, a utilização de água e diminui os danos fisiológicos, resultando em uma eficiência fotossintética superior. Com isso, a planta se torna mais resistente e, consequentemente, mais produtiva.

O segundo objetivo é a prevenção de danos físicos nas folhas e frutos, decorrentes da alta irradiância em regiões quentes. Quando ocorrem queimaduras, os frutos perdem valor comercial, impactando negativamente a renda dos produtores, especialmente em culturas como manga e abacaxi, que podem sofrer perdas significativas devido aos danos nas cascas.

“Os produtores podem se beneficiar tanto em termos de resiliência quanto na redução da queima dos frutos. Porém, se a principal meta for minimizar a queima, o produtor pode optar, por exemplo, por direcionar a aplicação nos frutos mais suscetíveis à irradiância durante a tarde”, apontou o pesquisador.

Resultados promissores na aplicação em diversas fruteiras

Os estudos começaram em 2021 e desde então, diversas dissertações e teses de estudantes bolsistas têm sido elaboradas sobre os experimentos realizados em polos de produção significativos. “Testamos várias culturas e estamos cada vez mais seguros da eficácia do produto. O próprio produtor vai aprimorando suas estratégias e adotando melhores práticas”, destacou o pesquisador.

No que diz respeito aos citros, além da pesquisa em Rio Real, há experimentos em Bom Jesus da Lapa (BA), em condições semiáridas com a lima ácida Tahiti, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, e com laranja em áreas comerciais de produtores parceiros, onde ganhos de resiliência foram observados ao longo de dois anos. Também foram iniciados testes em uma propriedade comercial em Monte Azul Paulista (SP).

Sobre o abacaxi, os experimentos foram desenvolvidos em Itaberaba (BA) ao longo de três anos, com foco em uma região semiárida que enfrenta grandes problemas relacionados à queima dos frutos. Há ainda testes menores com produtores orgânicos na Chapada Diamantina (BA) e em Itapororoca (PB), além de experiências no centro de pesquisa da Embrapa em Cruz das Almas (BA) e no município de Jaíba (MG).

“Em Itaberaba, conseguimos reduzir os danos físicos diretos aos frutos em cerca de 20% durante as aplicações do protetor solar. Isso é essencial, especialmente para a agricultura orgânica, pois os abacaxicultores costumam usar jornal para proteger os frutos, algo não permitido no cultivo orgânico. Assim, o protetor solar se torna uma alternativa excelente”, afirmou o pesquisador.

Ele destacou ainda que houve benefícios significativos na resiliência da planta, com ganho em tamanho e qualidade dos frutos de abacaxi, tanto em condições irrigadas quanto em áreas não irrigadas. Para a variedade BRS Imperial em Jaíba, bem como para a variedade Pérola em Itaberaba, os resultados foram animadores.

No que se refere ao mamão, experimentos têm sido realizados em Pureza (RN), no sul da Bahia, em Cruz das Almas e no norte do Espírito Santo, onde o produto está sendo aplicado via drones, assegurando uma adequada distribuição nas folhas e frutos. O pesquisador acrescentou que o mamão se beneficia tanto em termos de resiliência quanto na qualidade do fruto. Em Pureza, verificou-se uma melhoria na firmeza da polpa (18%) e um aumento da massa dos frutos (20%). No Espírito Santo, alguns estudos indicam que o produto também ajuda a mitigar problemas de manchas fisiológicas nas cascas causadas por amplitudes térmicas elevadas.

A maior parte dos testes com a cultura da manga ocorreu em Bom Jesus da Lapa, na mesma propriedade onde estão os experimentos com laranja, e os resultados em relação à redução da queima solar são significativos, com uma redução de cerca de 20%. Experimentos preliminares também estão em andamento em Livramento de Nossa Senhora (BA) e Petrolina (PE).

Em Bom Jesus da Lapa, há experimentos relacionados à bananeira, onde o produtor Ervino Kogler, situando-se em um perímetro irrigado, realizou uma aplicação aérea de fertilizante em 100 hectares de banana no final de 2023. Ele dividiu a área em três e fez três voos, utilizando o protetor solar em uma seção de 33 hectares, além de realizar duas pulverizações com trator este ano. “Já notamos melhorias, mas como a área é muito extensa, ainda estamos em processo de avaliação”, comentou Kogler, que também obteve resultados positivos com a pitaya. Embora esse não seja o foco das investigações da Embrapa, ele decidiu testar o protetor solar em um hectare de pitaya, observando uma redução de 70% na escaldadura das folhas e frutos após aumentar a frequência de aplicação para cerca de dez pulverizações.

“O protetor solar apresenta duas funções: uma é a prevenção da queima de frutos e folhas; a outra é proporcionar conforto térmico para melhorar a produção da planta. A pitaya, quando exposta ao sol intenso, tende a ficar escaldada. Além disso, a queima das folhas pode favorecer a entrada de doenças. O efeito do protetor solar foi bastante satisfatório”, concluiu Kogler, corroborando o depoimento do pesquisador.

Existem também experimentos com banana em Cruz das Almas, avaliando o crescimento vegetativo, além de aplicações via drone no Espírito Santo, sempre nas épocas mais quentes do ano e quando ocorrem secas.

No que tange ao maracujá, há estudos há três anos em condições semiáridas em Dom Basílio (BA), que é a principal região produtora desta cultura no Brasil. O pesquisador explicou que o foco não é tanto nos danos físicos, visto que os frutos ficam escondidos, mas na resiliência das plantas.

“Obtivemos melhorias fisiológicas, independentemente do manejo de irrigação. O aumento na fotossíntese foi de 28%, na transpiração das plantas foi de 9%, e na condutância estomática, 27%, resultando em 17% na eficiência fisiológica de uso de água, impactando em 45% da produtividade da água de irrigação”, revelou o pesquisador.

Além disso, o pesquisador mencionou que também houve ensaios voltados para outras culturas, como café, melão e até mesmo grãos, como soja. As avaliações foram realizadas em campo e em estufas em estados como Mato Grosso, Alagoas e Espírito Santo, mostrando ganhos significativos na resiliência das plantas e na produtividade das culturas.

O aspecto mais destacado do trabalho da Embrapa neste projeto, de acordo com o diretor da Litho Plant, é a abrangência das pesquisas, envolvendo diferentes culturas e regiões onde os problemas de insolação nas plantas são mais críticos.

“Evoluímos de um estágio em que tínhamos apenas suposições sobre a eficácia do produto para uma realidade em que temos certeza da sua funcionalidade. Hoje, os trabalhos realizados pela Embrapa demonstram uma gama muito maior de impactos resultantes do uso desse produto, o que nos posiciona como líderes e diferenciadores no mercado, pois estamos alinhados à pesquisa e acompanhando de perto os resultados”, ressaltou.

A aplicação do produto

Segundo o diretor, a produção industrial do Sombryt BR já está apta a atender ao mercado brasileiro, com uma capacidade inicial de 100 mil litros ao ano, direcionada a pequenos, médios e grandes produtores, sem restrições para aplicações em ambientes protegidos. O lançamento do produto ocorrerá assim que estiverem finalizados os detalhes do modelo de negócios, contemplando a exploração comercial.

O protetor solar é aplicado por meio de pulverização direta nas plantações, apenas com diluição em água, sem a necessidade de aditivos. Esta formulação ajuda a aumentar a reflexão da luz, reduzindo os efeitos térmicos sobre o dossel das fruteiras. As aplicações podem ser feitas com pulverizadores manuais, acoplados a máquinas agrícolas ou com equipamentos aéreos, como drones ou aviões.

Quanto aos custos, o diretor explicou que o preço médio do litro do Sombryt BR deve oscilar entre R$80 e R$100, sendo que a quantidade recomendada por aplicação varia de 300 ml a 1,5 l por hectare.

Alinhamento com os ODS

O desenvolvimento do Sombryt BR está em conformidade com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), acordo global adotado na Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável em 2015, que busca a formulação de políticas públicas para direcionar a humanidade até 2030. Este projeto se enquadra no ODS número 2 – “Fome zero e agricultura sustentável”, que visa erradicar a fome, garantir segurança alimentar, melhorar a nutrição e fomentar práticas agrícolas sustentáveis. Em 2017, foi criada a Rede ODS Embrapa, responsável por coordenar a inteligência coletiva nas unidades de pesquisa e atender às demandas relacionadas à Agenda 2030.

Fonte: Noticia Internacional

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