Home Brasil CORRIDA ARMADA: O PERIGO IMINENTE QUE PODE DESTRUIR TUDO!

CORRIDA ARMADA: O PERIGO IMINENTE QUE PODE DESTRUIR TUDO!

por James Joshua

Iniciemos por aqui. Uma das consequências geopolíticas mais significativas desse conflito é a consolidação de uma identidade nacional forte na Ucrânia. Historicamente, a Ucrânia tem sido um território marcado pela rivalidade entre duas civilizações: de um lado, o ocidente católico e, de outro, o oriente ortodoxo. É notável notar como as linhas de divisão dessa guerra refletem a grande clivagem religiosa entre o cristianismo romano e o cristianismo bizantino. Durante o final da Guerra Fria, nos anos 90, um general russo afirmou que “em cinco, dez ou quinze anos, a Ucrânia, ou mais precisamente a Ucrânia oriental, retornará para nós. A Ucrânia ocidental que se dane. O inferno chegou e a Ucrânia permaneceu. Os mortos unem as nações. A identidade ucraniana se fortaleceu, não se debilitou.”

Em segundo lugar, é possível afirmar que o ocidente sai desse conflito mais fraco do que nunca. Após o choque inicial da guerra, a imposição de sanções econômicas à Rússia conduziu a um processo de isolamento gradual — povos como os da China, da Índia, do Irã, da Turquia, do Brasil e da Arábia Saudita, entre outros do Sul Global, não acompanharam os países ocidentais nessa luta que prometia levar a economia russa à ruína em questão de semanas. Essa expectativa não se concretizou.

Acostumado a ditar a agenda internacional, o ocidente clamava pela derrota militar da Rússia, enquanto o restante do mundo pedia pela paz. Como frequentemente ocorre, aqueles que estão habituados a comandar nem sempre têm a melhor visão da realidade. Ao longo de três anos de conflito, a Rússia não sucumbiu, Trump tornou-se presidente dos Estados Unidos e a coesão ocidental se desfez. A Europa, de repente, se viu sozinha — e envergonhada. Começou, então, um triste espetáculo de subserviência europeia, que terminou em desinteresse por parte dos americanos. Indignada com um mundo que não a obedece, a Europa agora acredita que a resposta mais adequada é uma corrida armamentista. A principal prioridade europeia se transformou nessa: produção de armas. Que lamento.

Entretanto, contrariamente ao que muitos escrevem, uma das lições mais significativas desses três anos de guerra é que as forças russas não são tão poderosas e temíveis como se pensava. Na realidade, apesar de enfrentarem uma coalizão de países ocidentais que forneciam armamentos e informações aos ucranianos, os progressos militares da Rússia sempre foram modestos e difíceis. Esses três anos revelaram não apenas as limitações da utilização da força militar, mas também as restrições do poderio militar russo em particular. A ameaça russa é muito menos assustadora do que se imaginava. A Europa ocidental, atualmente, não sente mais temor em relação à Rússia do que sentia antes — na verdade, sente menos.

De qualquer forma, o clima de paranoia em torno da segurança dominou a Europa ocidental, o que pode ter repercussões globais. De forma simplificada, a mudança pode ser percebida da seguinte maneira: a antiga potência normativa agora deseja se afirmar como mais uma entre as potências militares. O novo discurso europeu de corrida armamentista simboliza a adoção de uma visão em que o direito é frágil e apenas a força prevalece. A única certeza na geopolítica reside na capacidade bélica e nas armas.

Todo o restante — o direito internacional, a diplomacia e as normas para uma convivência pacífica — são percepções abstratas e ilusórias que podem levar a confusões e catástrofes, como a que se observa atualmente na Ucrânia. Portanto, em conformidade com os velhos ensinamentos que sempre guiaram o projeto europeu, é necessário reafirmar que essa invasão não representa a norma, mas sim a exceção. Na maioria das situações, o direito internacional é respeitado e a maior parte das nações vive em harmonia umas com as outras na maior parte do tempo. O problema não reside no direito internacional, mas nas armas e nas retóricas belicosas, não na paz. O aumento do armamento torna a União Europeia irreconhecível.

Fonte: Noticia Internacional

Você também pode gostar