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Coragem de uma Mulher Rumo à Liberdade: Revelações Bombásticas da Síria em Chamas!

por James Joshua

Quando o regime de Assad entrou em colapso, Huda Khayti decidiu retornar à sua cidade natal, Duma. Ao chegar lá, deparou-se com ruínas e recordações de um passado triste, mas com a determinação de ajudar na reconstrução da Síria. Huda sempre manteve a esperança de que esse dia chegaria. Embora o mundo tivesse praticamente esquecido a Síria, seu sofrimento era apenas uma nota de rodapé nas manchetes internacionais, mas ela nunca perdeu a fé.

Ela optou por permanecer na Síria, acreditando que um dia a ditadura de Bashar al-Assad seria derrubada e que seu povo se libertaria da opressão. Quando isso se concretizou, Huda sentiu um alívio difícil de expressar: “Eu sempre soube que conseguiríamos.”

Sem aviso prévio, a organização islamista chamada Hayat Tahrir al-Sham (HTS), liderada por Abu Mohammed al-Jolani, cujo verdadeiro nome é Ahmed Hussein al-Shara, conseguiu derrotar o regime de Assad. Em dezembro de 2024, o HTS começou sua ofensiva a partir de sua base, em Idlib, e poucos dias depois conquistou Damasco. Assad abandonou o país, e a partir daí, a Síria começou um novo capítulo, repleto de incertezas.

O recomeço não foi fácil, nem para Khayti. Destruição e morte permeavam a paisagem. Com a vitória do HTS, ela deixou Idlib e retornou a Duma, a cidade que um dia chamara de lar. A cada quilômetro percorrido, um novo medo se instalava, mas sua determinação crescia. Era preciso verificar o que restava de sua antiga vida.

Ao chegar a Duma, ela se deparou com uma cena devastadora. Onde antes havia sua casa, agora havia apenas destroços. Huda tentou localizar o túmulo de seu irmão, que havia sido morto em um ataque aéreo do regime: “Não sei onde o enterraram,” confessa, sua voz embargada. “Ele provavelmente está em uma vala comum.” Ela menciona que um perfume de jasmim ainda flutua no ar, criando um contraste desconfortável com a destruição ao seu redor.

Ao chegar à casa de seus pais, encontrou as paredes desabadas, o teto caído. Com cautela, entrou, e cada passo fazia ressurgir memórias. “Não aguentei nem cinco minutos lá dentro.” Na casa onde seu irmão perdeu a vida, vestígios do ataque ainda eram evidentes: “Lembro do dia em que isso ocorreu. Essa injustiça me sufoca.”

Nesse momento, Huda decidiu que não se deixaria levar pelo desespero. “Eu lutei contra Assad, e lutarei contra esses sentimentos também. Eu vou viver e reconstruir este país junto com os outros.”

Para dar o primeiro passo, com a ajuda da Defesa Civil Síria e de outras organizações, Huda e moradores da região começaram a plantar flores e árvores em um parque de Duma. Ela deseja transmitir uma mensagem de que a vida está voltando, mostrando que a Síria não se resume a um país marcado pela dor, mas também pode ser um lugar de esperança.

Antes da guerra, Huda passou quase toda a sua vida em Duma, onde cresceu e estudou literatura francesa em Damasco. Sua revolução pessoal, no entanto, teve início muito antes da revolta de 2011. Desde cedo, percebeu como o regime de Bashar al-Assad privava as mulheres de seus direitos e oprimia a população.

Com a determinação de mudar essa realidade, Huda fundou três centros para mulheres em Ghouta Oriental. Juntamente com outras mulheres, organizou oficinas sobre violência de gênero, ofereceu cursos de primeiros socorros e de língua inglesa, além de promover a conscientização sobre os direitos das mulheres. Contudo, a guerra devastou tudo. Em 2013, um ataque com gás venenoso atingiu Ghouta Oriental e, posteriormente, os três centros que ela havia criado foram bombardeados.

Em 2018, quando o regime retomou a região após anos de cerco, Huda teve que deixar Duma. Milhares foram deslocados, e opositores e civis buscaram abrigo em Idlib, que se tornara o último reduto contra Assad, sob controle do HTS.

Mas Huda não desistiu. Na nova cidade, fundou mais um centro para mulheres, apesar das restrições impostas pelo domínio do HTS. “Não foi fácil. Enfrentamos limitações e tivemos que nos adaptar, mas seguimos em frente.”

Finalmente, em dezembro de 2024, chegou o momento da queda de Assad e de seu governo. Huda estava em Idlib quando os rebeldes tomaram Damasco. “Corri imediatamente para a Praça da Liberdade em Idlib. Abracei as pessoas, beijei, nós rimos e choramos; foi um momento muito emocionante.” Até hoje, ela se emociona ao recordar aquele dia: “Essa cidade nos acolheu quando fomos deslocados, e finalmente podíamos sentir que algo novo estava surgindo.”

Na manhã seguinte, Huda já estava na estrada, passando por várias cidades libertadas, erguendo a nova bandeira da Síria. “Olhem onde estou, estamos de volta,” escreveu aos amigos, enviando fotos e vídeos que havia registrado. “Para todos que falaram ou escreveram com tanto desprezo sobre nós, sírios, eu digo: vejam, nós conseguimos e vamos reconstruir este país.” Duma foi seu último destino.

Khayti prefere manter uma visão otimista, mesmo ciente dos desafios que a Síria enfrenta. “A economia está em frangalhos, e a situação de segurança é precária,” afirma. Após quase 14 anos de guerra e o devastador terremoto de 2023, vastas áreas do país, sua economia e infraestrutura estão destruídas.

A população tem apenas algumas horas de eletricidade por dia. De acordo com a Médicos Sem Fronteiras, 16,7 milhões dos 21,3 milhões de sírios dependem de ajuda externa. O Unicef estima que 2 milhões de crianças estão fora da escola e que 7 mil instituições de ensino foram destruídas ao longo do conflito.

Atualmente, o ocupante do Palácio Presidencial é Ahmed al-Shara, presidente interino da Síria desde o final de janeiro. Ele recebeu diversos rótulos nos últimos meses: líder rebelde, novo homem forte da Síria, islamista, ex-terrorista, jihadista. Enquanto muitos rejeitam as práticas do HTS, outros veem Shara como o libertador de Damasco e comentam: “Contra Jolani, mas a favor de Shara.”

Ceticismo é a palavra de ordem em relação aos novos ocupantes do Palácio Presidencial. No entanto, muitos sírios buscam focar na reconstrução da nação. Os antigos jihadistas agora se apresentam como moderados, e a população aguarda que essa impressão se confirme.

Khayti, que experimentou a realidade em Idlib sob o controle do HTS, recorda que, há um ano, houve protestos contra os governantes da cidade e menciona que enfrentou restrições em seu trabalho à frente de uma organização para mulheres. “Em Idlib, eles tinham um papel diferente; agora estão no comando de toda a Síria. Mas posso garantir uma coisa: se algo der errado, não aceitaremos.”

Ela mantém sua crença em um futuro mais justo para a Síria e agora divide seu tempo entre Idlib e Duma. “Nós somos uma nova sociedade, que conhece seus direitos e não permitirá mais ser oprimida.” Seu objetivo é abrir mais centros para mulheres em diferentes cidades, incentivando uma maior participação política feminina. Além disso, Huda planeja criar uma organização voltada à proteção do meio ambiente. “Todo país que desejar nos apoiar na reconstrução é bem-vindo. Contudo, não queremos mais interferência estrangeira.”

Fonte: Noticia Internacional

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