As primeiras evidências de um aumento atípico de atividade em torno do dia “16 de março” surgiram em 23 de janeiro. A partir desse marco, o bolsonarismo começou a mobilizar esforços para tentar incentivar chamadas para manifestações públicas, que abrangem a defesa de Jair Bolsonaro, demandas de anistia e uma variedade de disputas internas dentro da extrema-direita.
Nas últimas semanas, notamos um padrão distinto, considerando as mobilizações anteriores do bolsonarismo. Sem provocar um aumento extraordinário nas menções até agora, o grupo da extrema-direita observou uma queda drástica no volume de menções no início de março, recuperando apenas parcialmente sua força nos últimos dias. Mesmo assim, na véspera do ato, o número de menções ainda não atingia o nível registrado, por exemplo, na segunda quinzena de fevereiro.
É possível estabelecer uma relação entre essa situação e um ponto relevante: a acusação da Procuradoria Geral da República contra Jair Bolsonaro e outros membros do bolsonarismo por tentativa de golpe de estado. O gráfico acima evidencia que, após a denúncia ocorrida em 18 de fevereiro, o volume de menções ao ato experimentou uma queda significativa nos dias que se seguiram ao incidente.
Outro aspecto a ser destacado é a dificuldade em identificar uma pauta unificadora que conecte os diversos grupos que formam a oposição atualmente. Durante o último mês, registrou-se uma variedade de temas que começaram com o pedido de anistia aos golpistas, passando pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e tentando explorar questões relacionadas ao governo federal, como um pedido de impeachment em determinado momento. Contudo, a abordagem do bolsonarismo nas redes sociais não demonstrou qualquer caráter viral ou indícios de que esta estratégia tenha conseguido engajar com outros grupos fora do próprio bolsonarismo.
Dessa forma, nas próximas 24 horas, é provável que se observe um campo coeso, mas limitado, que tenta utilizar o antipetismo como um meio para promover a pauta de anistia dos golpistas em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar dos esforços, a defesa de Bolsonaro não parece ser, neste momento, o principal ponto de união do bolsonarismo, e muito menos da oposição de maneira geral.
