Uma pesquisa divulgada recentemente revelou que mais de 90% da população em oito estados brasileiros percebeu um aumento nos preços dos alimentos no último mês. A inflação alimentícia, que impacta fortemente a população de menor renda, é um dos principais desafios que o governo do presidente Lula se propõe a enfrentar nesta ano. Com isso, está agendada uma reunião entre representantes do governo e do setor privado para buscar alternativas que ajudem a reduzir os preços, marcada para esta quinta-feira.
Estarão presentes no encontro, que ocorrerá em Brasília, representantes das indústrias de açúcar, etanol, carne e biodiesel.
Os estados onde a percepção de aumento nos preços dos alimentos foi mais significativa são: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Bahia, os quais representam 62% do eleitorado do país.
A pesquisa também investigou como os entrevistados avaliam a situação econômica do país nos últimos 12 meses. Os resultados foram os seguintes:
- A economia foi considerada pior para 62% dos habitantes de São Paulo; 59% de Minas Gerais; 60% do Rio de Janeiro; 50% da Bahia; 61% do Paraná; 56% do Rio Grande do Sul; 51% de Pernambuco e 58% de Goiás.
A desaprovação ao governo Lula ultrapassou 60% nas três maiores áreas eleitorais do Brasil: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Mesmo em regiões que historicamente apoiam o presidente, a pesquisa indica um declínio na sua popularidade.
Comparado à pesquisa de dezembro do ano passado, a desaprovação cresceu de 55% para 69% em São Paulo; de 47% para 63% em Minas Gerais; de 33% para 51% na Bahia; e de 53% para 68% no Paraná. No Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, os índices de desaprovação estão em 64% e 66%, respectivamente, sem dados comparativos. Em Goiás, aumentou de 56% para 70%; e em Pernambuco, de 33% para 50%.
A maior parte dos entrevistados também acredita que o país está tomando um rumo inadequado. Os números são: 67% em São Paulo; 66% em Minas Gerais; 67% no Rio de Janeiro; 57% na Bahia; 66% no Paraná; 63% no Rio Grande do Sul; 55% em Pernambuco e 68% em Goiás.
Nos estados pesquisados, a maioria dos participantes acredita que Lula deve adotar uma abordagem diferente em seu governo nos próximos dois anos.
Fatores que impactaram os preços dos alimentos
O aumento nos preços dos alimentos observado nos últimos meses é atribuído a condições climáticas adversas e à alta do dólar, que encareceu insumos. Um exemplo dessa situação é o café e os ovos de galinha.
A prévia da inflação anunciada recentemente pelo IBGE mostra que os preços dos alimentos continuam em alta. Embora a alta de 0,61% tenha sido inferior ao índice de janeiro, que foi de 1,06%, itens como o café, que já estavam influenciando o índice anteriormente, se tornaram ainda mais caros.
Em entrevista realizada na semana passada, o ministro da Fazenda mencionou que o governo pretende criar planos safras “cada vez mais robustos” para apoiar a produção de alimentos e, assim, combater a inflação.
Na sequência, o governo publicou uma medida provisória que disponibiliza R$ 4,18 bilhões em crédito extraordinário para o Plano Safra deste ano, garantindo a continuidade deste programa, que havia sido suspenso devido à não aprovação do Orçamento de 2025.
Durante a reunião agendada com o setor privado, um dos tópicos a serem discutidos será a possibilidade de reduzir as tarifas de importação de alimentos. Contudo, um membro do governo informou que não há planos para implementar mudanças antes do Carnaval.
De qualquer forma, o governo busca ouvir as demandas do setor privado. A proposta da reunião teria sido feita pelos ministros da Fazenda e Agricultura, que se encontraram anteriormente.
Representantes dos ministérios da Fazenda, Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Casa Civil, Secretaria de Comunicação e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estarão entre os participantes do governo.
Comunicação
Ao assumir a Secretaria de Comunicação em janeiro, o novo ministro destacou que seus principais desafios incluem lidar com a alta dos preços dos alimentos, combater as fake news e estabelecer um diálogo com vários setores da sociedade, incluindo trabalhadores de aplicativos e grupos evangélicos.
O ministro já começou a implementar mudanças nesse sentido, promovendo viagens do presidente e incentivando entrevistas e pronunciamentos em massa, como o que ocorreu na última segunda-feira, quando Lula anunciou novas medidas voltadas ao apoio de estudantes e ao fornecimento de medicamentos gratuitos à população.
Em relação à economia, a taxa de desemprego atingiu o menor patamar da história, enquanto a inflação, embora tenha aumentado, ainda está sob controle. No entanto, muitos cidadãos não percebem essas melhorias, sendo sua visão do cenário econômico predominantemente negativa.