Manaus – A secura na boca, conhecida como xerostomia, é uma condição frequentemente ligada à diminuição da produção de saliva, o que pode elevar o risco de cáries, mau hálito e infecções orais. Embora seja mais comum entre os mais velhos, essa situação pode afetar indivíduos de todas as idades, especialmente aqueles que utilizam medicamentos como antidepressivos, antialérgicos, relaxantes musculares e diuréticos.
A saliva é um líquido espesso secretado pelas glândulas salivares, e os seres humanos produzem cerca de um litro diariamente. Este fluido tem várias funções na cavidade oral, como lubrificação, limpeza natural da boca, remineralização dos dentes e percepção do gosto, além de ajudar na digestão. A sensação de boca seca pode não necessariamente indicar a ausência desse líquido, pois nem sempre a xerostomia está diretamente relacionada à diminuição da produção salivar.
Uma especialista na área, aponta que diversos medicamentos psiquiátricos têm efeito anticolinérgico, que diminui a atividade do sistema nervoso e, consequentemente, a produção de saliva, tornando-a mais viscosa. “A saliva é crucial para proteger a boca, funcionando como uma barreira natural contra cáries e infecções, além de auxiliar na mastigação, deglutição e fala. Quando seu fluxo é prejudicado, a qualidade de vida do paciente pode ser severamente afetada”, afirma.
Além de medicamentos, a xerostomia pode ser causada por práticas como respirar pela boca, roncar, fumar, consumir álcool e a ingestão insuficiente de líquidos. “A água representa cerca de 99% da saliva; o restante consiste em componentes orgânicos (como proteínas e enzimas) e inorgânicos (como minerais tipo cálcio e fosfato). Isso ressalta a importância de se ingerir pelo menos 35ml de água para cada quilo de peso corporal por dia”, orienta a especialista.
Os sinais de xerostomia incluem boca e garganta secas, dificuldade para mastigar e engolir, saliva espessa, rachaduras nos lábios e incidência frequente de cáries. Pacientes que estão em tratamento psiquiátrico podem adotar algumas medidas de prevenção, como manter-se hidratados, usar balas ou gomas de mascar com xilitol e recorrer a substitutos para a saliva, como sprays ou géis.
É essencial manter um acompanhamento odontológico regular. “O dentista é o profissional capaz de detectar os primeiros indícios de xerostomia e intervir para evitar problemas mais sérios. Além disso, uma colaboração entre dentistas e médicos psiquiatras pode ajudar a ajustar os medicamentos e proporcionar um cuidado mais integrado ao paciente”, destaca a especialista.
A secura bucal não é apenas um incômodo físico. As dificuldades em mastigar, falar e engolir podem causar constrangimento e afetar negativamente a vida social do paciente, piorando questões emocionais que já podem existir em tratamentos para a saúde mental. Portanto, é fundamental que tanto pacientes quanto profissionais da saúde estejam atentos às medidas necessárias para minimizar os efeitos da xerostomia e promover uma melhor qualidade de vida.
