Lula enfrenta três desafios significativos se realmente desejar se reeleger, e é inegável que esse é seu objetivo. Ele disputará a eleição com a intenção de vencer, a menos que problemas de saúde o impeçam.
As especulações sobre sua possível desistência em 2026 perderam força. A esquerda carece de uma figura proeminente que possa ocupar seu lugar, e Lula não está disposto a abrir mão do protagonismo.
Se conquistar um quarto mandato, essa será sua última eleição. Ao final desse período, Lula terá 85 anos e terá governado o Brasil por 16 anos, superando todos, exceto Dom Pedro II e Getúlio Vargas.
Dom Pedro II reinou por 49 anos, enquanto Getúlio Vargas ficou no poder por 18 anos, sendo 15 deles sob um regime autoritário. Ele optou por tirar a própria vida a fim de evitar uma queda do poder.
Todos os líderes populares enfrentam a possibilidade de vitórias e derrotas. Isso faz parte do processo democrático e não é algo do qual se deva ter vergonha. Lula, por exemplo, já enfrentou três derrotas antes de suas vitórias em 2002, 2006 e 2022.
Ele foi o responsável pela ascensão de seu sucessor, Dilma Rousseff, a primeira mulher a assumir a presidência do país, e ainda contribuiu para sua reeleição. Contudo, não conseguiu protegê-la do impeachment, ainda que isso estivesse além de seu controle.
Considerado um feito quase miraculoso, Lula foi eleito pela terceira vez após ter sido condenado e preso por 580 dias, derrotando o então presidente Bolsonaro, que buscava a reeleição.
Pode-se argumentar que, se Bolsonaro não tivesse proferido tantas declarações imprudentes durante a pandemia de Covid-19, teria conquistado a reeleição, mas isso não ocorreu por pouco.
Ter o controle do governo não é garantia de vitória, como mostrou o caso de Bolsonaro. No entanto, isso representa uma vantagem significativa, que precisa ser aproveitada de forma inteligente.
O primeiro desafio que Lula deve enfrentar é o aumento dos preços dos alimentos, que subiram consideravelmente. Em dezembro, os cidadãos de São Paulo viram a cesta básica consumir 64% do salário-mínimo líquido.
O segundo desafio é a questão da segurança pública. Embora a Constituição estabeleça que a responsabilidade pela segurança é dos governos estaduais, frequentemente essa responsabilidade acaba recaindo sobre o governo federal.
O terceiro desafio vem da política de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, que adota uma postura de “América em primeiro lugar”. Trump informou que pretende taxar produtos importados do Brasil.
Entre essa declaração e a chegada dos efeitos na vida dos brasileiros, deve decorrer um período de pelo menos seis meses. O Brasil, sem dúvida, responderá a essa provocação, mas uma guerra comercial não seria benéfica para o país.
Além disso, há um quarto desafio: Lula precisa recuperar sua habilidade de instigar esperança no povo brasileiro. Ele já demonstrou essa capacidade no passado. Sem perspectivas de progresso, os eleitores tendem a optar pela mudança em vez de manter o status quo.